No dia 18 de agosto, às 10h34 da manhã, um número dominou todo o círculo de investimento — a capitalização total do mercado de ações A ultrapassou os 100 biliões de yuan.

No fecho, fixou-se nos 100,19 biliões, mais 14,33 biliões do que no início do ano. O índice de Xangai tocou nos 3745 pontos durante o dia, o valor mais alto desde agosto de 2015, ou seja, passaram-se dez anos completos. O índice de Shenzhen e o ChiNext avançaram em conjunto, enquanto o Beijing 50 disparou 4%, com meio dia de negociações a atingir 1,75 biliões e quase 4500 ações a fechar no verde. Isto não é apenas um jogo de números; por detrás está uma profunda transformação no mercado de capitais e na estrutura económica da China.

# Quem sustenta estes 100 biliões?

Analisando por setores, indústria, tecnologias de informação, finanças e materiais representam mais de 60%. Mas o maior destaque vai para as tecnológicas — desde agosto, o setor de tecnologias de informação valorizou-se 11,55%, com empresas de semicondutores, IA e software a tornarem-se protagonistas.

Ainda mais surpreendente: o valor total do setor eletrónico ultrapassou os 11,54 biliões, superando pela primeira vez o setor bancário e liderando a tabela de setores. O que significa isto? O motor da economia chinesa está a mudar da banca tradicional para a inovação tecnológica — e é uma mudança real, não apenas palavras.

Os gigantes veteranos como o Banco Industrial e Comercial da China e o Banco Agrícola da China continuam sólidos como rochas, mas novas forças como a CATL e a SMIC estão a ganhar terreno rapidamente. O tradicional e o emergente não são opostos; coexistem no mesmo ecossistema, cada um com o seu papel.

# Porque é que agora se atingem os 100 biliões?

São três as forças que se juntaram.

**Ao nível das políticas:** O regime de registo generalizou-se, a saída de empresas tornou-se habitual, e mercados como o STAR e a Bolsa de Pequim abriram as portas à inovação. Juntando políticas de estabilização e estímulo à procura interna ("duas novas, duas pesadas"), os benefícios institucionais continuam a ser libertados.

**Ao nível dos capitais:** Liquidez abundante, com o dinheiro das famílias a sair dos depósitos e do imobiliário para a bolsa — uma tendência cada vez mais clara. O capital estrangeiro também acelera a entrada: em julho, fundos longos globais investiram 2,7 mil milhões de dólares nas ações chinesas, e o volume negociado por capitais do norte ultrapassou 300 mil milhões, um recorde anual.

**Ao nível fundamental:** O economista Pan Helin disse-o claramente: esta vaga de valorização é, na essência, a concretização dos resultados da inovação tecnológica chinesa. Avanços em IA e fármacos inovadores fizeram o capital global reavaliar os ativos chineses, gerando uma ressonância entre capitais internos e externos.

# O que significam estes 100 biliões?

Não é só um número bonito.

Para o mercado, a confiança está em alta, o financiamento para empresas cotadas é mais fácil, e a economia real recebe mais recursos. Quando o efeito riqueza se espalhar, consumo e investimento formarão um ciclo virtuoso.

Para a economia, o crescimento da capitalização reflete a otimização estrutural e a ascensão da nova produtividade. O mercado de capitais ganha peso na alocação de recursos.

Para a posição internacional, 100 biliões de RMB equivalem a 13,8 biliões de dólares, bem acima do Japão e do Reino Unido — o mercado de ações A já é um polo global incontornável. O apelo dos ativos em RMB mantém-se crescente. Além disso, o PER dinâmico do CSI300 está apenas em 14 vezes, uma valorização razoável, sem sinais de bolha.

# O que vem a seguir?

Há oportunidades e riscos.

Do lado positivo: o planeamento do "15º Plano Quinquenal" está a chegar, e o ciclo global de descida das taxas também, ambos catalisadores importantes. Mas a época de divulgação dos resultados semestrais poderá trazer volatilidade, e a rotação de setores vai acentuar divergências — nem todas as ações irão subir.

**Em termos de estratégia de investimento:**
- Os mais agressivos podem focar em ações de elevado dividendo apoiadas por políticas, ou na cadeia de valor da IA;
- Os cautelosos podem optar por investimentos programados ou constituição de carteira em várias fases, visando ativos subvalorizados;
- Os investidores de longo prazo devem manter uma abordagem de alocação de ativos e apostar em ativos core de alta qualidade.

O regulador já se pronunciou: vai continuar a promover o desenvolvimento de alta qualidade do mercado de capitais, garantindo que corretoras, instituições e investidores de retalho possam ganhar em conjunto.

# Em jeito de conclusão

A bolsa A ultrapassar os 100 biliões é o resultado da reforma da última década e, ainda mais, o ponto de partida para a próxima.

O sistema de mercado está a aperfeiçoar-se, a estrutura industrial a evoluir, e o ecossistema financeiro a diversificar-se. A bolsa A terá um papel cada vez mais importante no serviço à economia real, na promoção da tecnologia e na otimização da distribuição de riqueza, oferecendo aos investidores um palco maior para partilhar os dividendos do crescimento chinês.

Oportunidades e desafios coexistirão sempre. Persistir no investimento em valor e numa estratégia racional é a única forma de ir mais longe nesta maratona.