Toda a gente está de olho na possibilidade de a Fed baixar as taxas de juro, mas o verdadeiro trunfo está, na verdade, noutro sítio.

O mais relevante nesta reunião não é a decisão sobre as taxas de juro, mas sim a alteração do balanço — o ritmo da redução já abrandou, e a próxima etapa deverá ser a expansão. As previsões mais recentes do Bank of America apontam para a possibilidade de a Fed começar já em janeiro do próximo ano a comprar 45 mil milhões de dólares em obrigações do Tesouro de curto prazo por mês. Embora oficialmente o termo utilizado seja "operações de gestão de reservas", na prática significa injetar liquidez no mercado.

Porque é que este sinal é mais importante do que uma descida das taxas? Porque o verdadeiro motor dos mercados em alta nunca foi a taxa de juro em si, mas sim a quantidade de liquidez a circular no mercado. Quando o banco central começa a comprar dívida, para onde é que vai essa nova liquidez? De acordo com a experiência histórica, os ativos de risco são geralmente os primeiros a beneficiar — o Bitcoin e outros criptoativos tendem a ter um desempenho forte neste tipo de cenário.

Então, o que devem fazer os investidores de retalho?

Antes de mais, não ponham toda a vossa atenção nas expectativas de descida das taxas de juro. Isso é informação pública e o mercado já a integrou nos preços. A verdadeira variável é saber quando é que a liquidez vai começar a fluir e em que escala. Se a Fed avançar mesmo com um programa de compra de obrigações, é muito provável que o mercado cripto entre numa nova fase de reavaliação de preços.

Em segundo lugar, manter uma exposição adequada é mais sensato do que estar totalmente fora do mercado à espera. Os movimentos de liquidez tendem a ser rápidos e intensos; o custo de ficar de fora costuma ser maior do que o risco de estar investido. Para quem já tem Bitcoin, Ethereum ou outras moedas principais, este não é o momento para vender com medo de alturas, mas sim para tentar perceber até onde pode ir este ciclo.

Por fim, uma nota de alerta: o mercado não teme taxas de juro elevadas, o que teme é a falta de dinheiro. O banco central pode dizer que o objetivo é controlar a inflação, mas as ferramentas que tem à disposição são sempre usadas de forma flexível. Quando a maré começa a subir, não é preciso ser o primeiro a saltar para o barco — mas é fundamental garantir que se está a bordo.

A regra do jogo da liquidez é simples: quando há muito dinheiro, os ativos ficam caros; quando há pouco, ficam baratos. E agora, a torneira pode estar prestes a abrir novamente.