Recentemente, as autoridades reguladoras em ambas as regiões têm tomado várias medidas, com as stablecoins, especialmente o USDT, a serem colocadas sob os holofotes. Enquanto o mercado se lamenta, vejo outra possibilidade — será que estas ações não vão, na verdade, acelerar o fluxo de capitais para ativos mais transparentes?

Primeiro, vejamos o que aconteceu. Na China continental, 13 departamentos uniram-se para emitir um comunicado, classificando diretamente as atividades relacionadas com stablecoins como operações financeiras ilegais, bloqueando-as desde a origem até ao utilizador final. Os dados mostram que, este ano, já foram intercetados mais de 4,6 mil milhões de yuans em fundos envolvidos. O objetivo é claro: abrir caminho para a moeda digital oficial e, ao mesmo tempo, eliminar o espaço para operações cinzentas.

Em Hong Kong, também houve desenvolvimentos importantes, mas muitos interpretaram mal. Não se trata de banir o USDT de forma absoluta, mas sim de impor restrições aos investidores de retalho — as plataformas sem licença já não podem servir utilizadores comuns, apenas investidores profissionais. As novas regras exigem ainda que as plataformas tenham um capital realizado de pelo menos 25 milhões de dólares de Hong Kong, reservas totalmente garantidas e que toda a cadeia de transações seja rastreável. Em suma, trata-se de traçar linhas claras para orientar o mercado rumo à conformidade.

O mais interessante é a reação do mercado. O USDT registou flutuações, mas ao mesmo tempo o ETH valorizou-se fortemente e a estrutura das posições em BTC também se está a otimizar. O que isto revela? O dinheiro não saiu do mercado, apenas está a mudar de direção. Os fundos que antes estavam parados em stablecoins estão agora a ser direcionados para ativos mais convencionais como o Bitcoin e o Ethereum.

Quando a regulação aperta, o capital em zonas cinzentas tem de fazer escolhas: sair do mercado ou migrar para ativos mais resistentes à fiscalização. Para as principais criptomoedas, isto é, na verdade, um fator estruturalmente positivo — os ativos de menor qualidade são afastados e os ativos de qualidade veem a sua liquidez mais concentrada.

Para ser honesto, o verdadeiro risco nunca foi a chegada da regulação, mas sim como a encaras. Esta ronda de limpeza elimina canais ilegais e especuladores de curto prazo, mas ao mesmo tempo abre espaço para o capital institucional e investidores de longo prazo entrarem. Olhando para trás, após cada política rigorosa, assistimos habitualmente à melhoria da qualidade dos ativos e à preparação de um novo ciclo.

Se te fixares apenas na queda do USDT e entrares em pânico, podes estar a perder a janela de realocação para ativos principais. Crise e oportunidade, por vezes, estão separadas apenas por uma fina parede.