O projeto de consulta pública do "Regulamento de Supervisão das Empresas Cotadas", lançado após o fecho do mercado no fim de semana, para ser sincero, tem bastante força. Os quatro pontos abordam questões sensíveis: os grandes acionistas já não poderão esvaziar as empresas cotadas à vontade, e as vendas de participações terão de ser feitas de forma regulamentada; as coadjuvações em fraudes e garantias ilegais serão punidas com coimas máximas; as empresas que optarem por sair voluntariamente da bolsa terão de garantir a proteção dos investidores; e, no caso de fraudes do conselho de administração, os salários e prémios pagos em excesso terão de ser devolvidos.

Olhando para os mercados externos, os três principais índices dos EUA fecharam em alta ontem à noite, e o índice futuro FTSE A50 também subiu 0,42%. Isto cria um bom pano de fundo para a sessão de segunda-feira. Juntando as expectativas de políticas vindas da conferência económica, com este ambiente interno e externo a ressoar em conjunto, muitos já começaram a sonhar com novos máximos. Mas será que dezembro vai realmente surpreender? Até onde pode ir este movimento de recuperação?

Nos últimos dias, com três sessões consecutivas em baixa, o sentimento do mercado colapsou rapidamente. Houve quem previsse a quebra dos 3800, e até quem falasse em ver os 3600; mas bastou um dia de recuperação para o capital voltar a gritar por novos máximos de forma cega. Esta oscilação emocional não faz grande sentido — os dados técnicos e de fluxo de capitais estão claros, não é só por gritar que as coisas mudam.

Já antes tinha apresentado dois cenários para dezembro: ou primeiro preenchemos o gap em alta e depois voltamos a corrigir para baixo, ganhando força em janeiro para novos máximos; ou então testamos primeiro os 3836 pontos, a ver se o suporte do canal inferior dos 3800 aguenta, e só depois arrancamos com a tendência de fim de ano. Pessoalmente inclino-me mais para o primeiro cenário. Por isso, durante a última correção, sugeri aproveitar para reforçar posições, com o objetivo de lucrar na subida após a quebra dos 3914 pontos. A faixa indicada era entre 3800 e 3950.

Agora, com tantos fatores positivos internos e externos a surgirem em simultâneo, não há grande dúvida de que o gap dos 3914 pontos será fechado. O essencial é perceber até que máximo é que a subida poderá ser travada por uma nova correção. Há quatro gaps à espera: 3914, 3922.58, 3931 e 3972. Muitos não repararam no duplo gap dos 3922.58, que é, na verdade, o objetivo mínimo realista. Se o movimento for mais forte, podemos apontar para a zona dos 3950, que corresponde ao nível de 0,618 de Fibonacci. Se os fatores positivos superarem as expectativas, o máximo poderá chegar aos 3972, mas tendo em conta o aperto de liquidez típico de fim de ano, isso será bastante difícil.

Em resumo, a probabilidade de um novo máximo histórico em dezembro não é muito elevada. A minha sugestão operacional é: quando a recuperação atingir a faixa dos 3923-3950 pontos, realize lucros e reduza posições conforme necessário. Guarde algum capital para o novo ano — assim, pode embolsar este “envelope vermelho” da recuperação e ainda ter margem de manobra para a volatilidade que se seguirá.