O mês passado fiz uma estupidez — passei três dias a implementar um agente de IA on-chain, a pensar que ia ganhar dinheiro sem fazer nada. Resultado? Perdi à grande.
O problema não foi a estratégia; as janelas de arbitragem calculadas pela IA eram assustadoramente precisas. O problema estava na execução: cada vez que aparecia uma oportunidade de lucro, olhava para as taxas de Gas e as recompensas aos validadores e o lucro evaporava-se completamente, por vezes até ficava a perder. Isto fez-me perceber — o verdadeiro estrangulamento na era da IA pode não ser uma corrida ao poder computacional, mas sim a infraestrutura de pagamentos, que está demasiado atrasada.
Porque é que digo que o Kite tem potencial para se tornar a “aorta da economia da IA”? Primeiro, é preciso perceber um conflito fundamental: a forma como a IA gasta dinheiro não tem nada a ver com a dos humanos.
Quantas transações fazemos por dia? Comprar um café, pedir comida, pagar uma subscrição — no máximo uma dúzia. E um agente de IA? Um bot que faz análise de mercado pode precisar de fazer pagamentos a milhares de nós de dados em milissegundos, para obter preços em tempo real, dados on-chain, sentimento social. Este modelo de pagamentos “altíssima frequência + massivo + micro valor” é impossível de escalar nas blockchains atuais. Só pode ser brincadeira.
A lógica do Ethereum continua a ser a de “transferência bancária” — ótimo para montantes grandes e pouca frequência. Mas o que é que a IA precisa? Precisa de uma rede de capilares urbanos, não de uma autoestrada onde só passam camiões de vez em quando. Não adianta só aumentar o TPS. O importante é a “qualidade” do pagamento: confirmação instantânea, custo quase nulo, e ser programável — de modo a que a IA possa chamar autonomamente interfaces de pagamento, sem precisar de autorização manual a cada vez.
E há um problema ainda mais grave: a armadilha da “atomicidade” dos protocolos de pagamento atuais. O que isto quer dizer? Ou a transação acontece toda, ou não acontece nada — não há estados intermédios. Para humanos isto protege, mas para IA é um desastre.
Imagina uma IA que precisa de comprar informação a 100 fontes de dados. No modelo tradicional, basta um nó demorar para toda a transação ser revertida. A IA tem de repetir o processo, entrar novamente na fila, voltar a pagar. Este custo de tentativa e erro destrói o modelo económico de aplicações de IA.
O design do Kite (segundo o que o white paper revela) acerta precisamente nestes pontos: combinação de canais de estado com pagamentos probabilísticos, para confirmação em sub-segundos; mercado de taxas modular, para diferentes tipos de transação seguirem caminhos separados; e, mais importante, suporte para “sucesso parcial” — de 100 micro-pagamentos, se 80 derem certo, tudo bem, segue em frente, sem reversão.
Claro, ainda é cedo para falar do “coração dos pagamentos na era da IA”. Não se sabe se a tecnologia vai arrancar, se o ecossistema vai crescer, se os developers vão aderir. Mas há algo em que concordo: se os agentes de IA vão mesmo ser usados em massa, a infraestrutura de pagamentos tem de ser completamente reinventada.
Afinal, ninguém vai apanhar o comboio rápido a perseguir um comboio lento.
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O mês passado fiz uma estupidez — passei três dias a implementar um agente de IA on-chain, a pensar que ia ganhar dinheiro sem fazer nada. Resultado? Perdi à grande.
O problema não foi a estratégia; as janelas de arbitragem calculadas pela IA eram assustadoramente precisas. O problema estava na execução: cada vez que aparecia uma oportunidade de lucro, olhava para as taxas de Gas e as recompensas aos validadores e o lucro evaporava-se completamente, por vezes até ficava a perder. Isto fez-me perceber — o verdadeiro estrangulamento na era da IA pode não ser uma corrida ao poder computacional, mas sim a infraestrutura de pagamentos, que está demasiado atrasada.
Porque é que digo que o Kite tem potencial para se tornar a “aorta da economia da IA”? Primeiro, é preciso perceber um conflito fundamental: a forma como a IA gasta dinheiro não tem nada a ver com a dos humanos.
Quantas transações fazemos por dia? Comprar um café, pedir comida, pagar uma subscrição — no máximo uma dúzia. E um agente de IA? Um bot que faz análise de mercado pode precisar de fazer pagamentos a milhares de nós de dados em milissegundos, para obter preços em tempo real, dados on-chain, sentimento social. Este modelo de pagamentos “altíssima frequência + massivo + micro valor” é impossível de escalar nas blockchains atuais. Só pode ser brincadeira.
A lógica do Ethereum continua a ser a de “transferência bancária” — ótimo para montantes grandes e pouca frequência. Mas o que é que a IA precisa? Precisa de uma rede de capilares urbanos, não de uma autoestrada onde só passam camiões de vez em quando. Não adianta só aumentar o TPS. O importante é a “qualidade” do pagamento: confirmação instantânea, custo quase nulo, e ser programável — de modo a que a IA possa chamar autonomamente interfaces de pagamento, sem precisar de autorização manual a cada vez.
E há um problema ainda mais grave: a armadilha da “atomicidade” dos protocolos de pagamento atuais. O que isto quer dizer? Ou a transação acontece toda, ou não acontece nada — não há estados intermédios. Para humanos isto protege, mas para IA é um desastre.
Imagina uma IA que precisa de comprar informação a 100 fontes de dados. No modelo tradicional, basta um nó demorar para toda a transação ser revertida. A IA tem de repetir o processo, entrar novamente na fila, voltar a pagar. Este custo de tentativa e erro destrói o modelo económico de aplicações de IA.
O design do Kite (segundo o que o white paper revela) acerta precisamente nestes pontos: combinação de canais de estado com pagamentos probabilísticos, para confirmação em sub-segundos; mercado de taxas modular, para diferentes tipos de transação seguirem caminhos separados; e, mais importante, suporte para “sucesso parcial” — de 100 micro-pagamentos, se 80 derem certo, tudo bem, segue em frente, sem reversão.
Claro, ainda é cedo para falar do “coração dos pagamentos na era da IA”. Não se sabe se a tecnologia vai arrancar, se o ecossistema vai crescer, se os developers vão aderir. Mas há algo em que concordo: se os agentes de IA vão mesmo ser usados em massa, a infraestrutura de pagamentos tem de ser completamente reinventada.
Afinal, ninguém vai apanhar o comboio rápido a perseguir um comboio lento.