Pode ser que ainda não tenhas reparado, mas o maior fator subjacente no mercado recentemente não é a expectativa de corte das taxas da Fed, mas sim o facto de o Banco do Japão estar prestes a avançar seriamente para uma subida das taxas de juro.
Parece pouco relevante? Nada disso. Convém lembrar que o Japão, um país que manteve taxas de juro zero durante quase trinta anos, ao mudar de rumo, pode abalar todo o sistema global de avaliação de ativos.
Porque é que é inevitável subir as taxas? Três razões estão em cima da mesa: Primeiro, a inflação já não consegue ser controlada — o IPC subjacente está acima dos 2% há oito meses consecutivos, o antigo “eterno deflacionista” Japão mudou de verdade; depois, o iene desvalorizou 45% nos últimos dois anos, os custos de importação dispararam e o banco central foi encostado à parede, tendo de estabilizar a moeda; por fim, os salários: os sindicatos exigem diretamente um aumento de 5%, e as empresas vão alinhar? Se alinharem, a espiral inflacionista ganha forma.
Resumindo, isto é a continuação do processo de saída gradual do Japão da super política de flexibilização quantitativa. Mas o problema está no timing — a Reserva Federal prepara-se para cortar taxas, o Japão sobe-as, e o cenário mais temido globalmente materializa-se: a famosa operação de carry trade em ienes, que ronda os 4 a 5 biliões de dólares, fica sob risco de colapso.
Se o capital regressar ao Japão, o efeito dominó é imediato: os títulos do Tesouro dos EUA serão vendidos, o dólar pode valorizar no curto prazo, o iene recupera em força, e tanto as bolsas como os mercados obrigacionista e cambial entram em turbulência.
E o ouro? No curto prazo pode sofrer, mas a lógica de médio-longo prazo mantém-se robusta — a expectativa de desvalorização do dólar persiste, a tendência de queda das taxas de juro reais continua, e a procura por refúgio geopolítico está a crescer, mantendo assim três pilares de suporte firmes.
Isto não é apenas uma oscilação passageira, é uma reconfiguração da cadeia global de fluxos financeiros. No curto prazo, teremos de aguentar a volatilidade, mas a experiência histórica mostra-nos que, após a tempestade, as oportunidades costumam estar nos ativos injustamente penalizados. O ouro é um exemplo, e alguns criptoativos subvalorizados podem seguir o mesmo caminho.
Recentemente, ETH, ZEC, LUNC e outros ativos têm registado uma volatilidade muito acentuada, e não se pode ignorar as mudanças na lógica macroeconómica por detrás deste fenómeno.
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SatoshiSherpa
· 12-06 10:52
O carry trade do iene está prestes a rebentar, desta vez é mesmo preciso estar atento. O verdadeiro espetáculo será quando 4 a 5 biliões de dólares regressarem ao Japão.
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GasGuzzler
· 12-06 10:51
O Japão tem mesmo de ter cuidado desta vez. Se as operações de carry trade colapsarem, o mercado cripto pode cair junto a qualquer momento.
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WalletAnxietyPatient
· 12-06 10:42
O aumento das taxas de juro no Japão não é assim tão simples; se as operações de carry trade explodirem, o mundo inteiro vai ter de acompanhar o suspense.
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SnapshotStriker
· 12-06 10:27
Carry trade com iene vai explodir? Isto agora ficou interessante, parece que vamos ser apanhados de surpresa.
Pode ser que ainda não tenhas reparado, mas o maior fator subjacente no mercado recentemente não é a expectativa de corte das taxas da Fed, mas sim o facto de o Banco do Japão estar prestes a avançar seriamente para uma subida das taxas de juro.
Parece pouco relevante? Nada disso. Convém lembrar que o Japão, um país que manteve taxas de juro zero durante quase trinta anos, ao mudar de rumo, pode abalar todo o sistema global de avaliação de ativos.
Porque é que é inevitável subir as taxas? Três razões estão em cima da mesa:
Primeiro, a inflação já não consegue ser controlada — o IPC subjacente está acima dos 2% há oito meses consecutivos, o antigo “eterno deflacionista” Japão mudou de verdade; depois, o iene desvalorizou 45% nos últimos dois anos, os custos de importação dispararam e o banco central foi encostado à parede, tendo de estabilizar a moeda; por fim, os salários: os sindicatos exigem diretamente um aumento de 5%, e as empresas vão alinhar? Se alinharem, a espiral inflacionista ganha forma.
Resumindo, isto é a continuação do processo de saída gradual do Japão da super política de flexibilização quantitativa. Mas o problema está no timing — a Reserva Federal prepara-se para cortar taxas, o Japão sobe-as, e o cenário mais temido globalmente materializa-se: a famosa operação de carry trade em ienes, que ronda os 4 a 5 biliões de dólares, fica sob risco de colapso.
Se o capital regressar ao Japão, o efeito dominó é imediato: os títulos do Tesouro dos EUA serão vendidos, o dólar pode valorizar no curto prazo, o iene recupera em força, e tanto as bolsas como os mercados obrigacionista e cambial entram em turbulência.
E o ouro? No curto prazo pode sofrer, mas a lógica de médio-longo prazo mantém-se robusta — a expectativa de desvalorização do dólar persiste, a tendência de queda das taxas de juro reais continua, e a procura por refúgio geopolítico está a crescer, mantendo assim três pilares de suporte firmes.
Isto não é apenas uma oscilação passageira, é uma reconfiguração da cadeia global de fluxos financeiros. No curto prazo, teremos de aguentar a volatilidade, mas a experiência histórica mostra-nos que, após a tempestade, as oportunidades costumam estar nos ativos injustamente penalizados. O ouro é um exemplo, e alguns criptoativos subvalorizados podem seguir o mesmo caminho.
Recentemente, ETH, ZEC, LUNC e outros ativos têm registado uma volatilidade muito acentuada, e não se pode ignorar as mudanças na lógica macroeconómica por detrás deste fenómeno.